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Archive for fevereiro \10\-03:00 2010

País das Maravilhas

Não gosto de escrever nos dias em que me sinto estranho em relação ao resto do mundo. Parece carta de reclamação de um produto com defeito ou serviço ruim. Eu acordo com os dias quase sempre ensolarados, numa bela cidade do litoral. Tenho uma família que não me causa grandes transtornos (pelo menos nos últimos tempos), amigos tranquilos e, apesar dos 41 anos recém-completados, “ainda” tenho um emprego na minha área e acho que “ainda” sou respeitado por alguns. E aí? Onde o bicho pega? Vai ver que é isso mesmo! Uma vida morna, num ap super bem decorado, com um carro novo, sexo casual, nenhuma dor de cotovelo… nenhuma grande emoção. O tesão vem com o gim, a vodka e um bom livro ou bom filme. Com minhas músicas de fossa que lembram outros tempos e os sonhos sempre adiados de aventura.  Como Alice, vivo querendo enxergar além do espelho. Como a personagem, vivo tentando seguir algum coelho apressado que me inspire curiosidade e me tire da inércia deste jardim seguro. Eu quero navegar, mas me fecho na falta de coragem de deixar o cais.

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Perder a inocência pode ser algo traumático. Mas também é iniciático. Nos últimos dias tenho pensando muito nos meus ritos pessoais de passagem. Quando tenho certa necessidade de silêncio. Posso continuar completamente normal por fora. Mas por dentro coisas graves acontecem. Muitas vezes coisas até obscuras, dessas que só se revelam em sonhos, na calada da noite. Em dias assim evito o espelho. É que perder a inocência nada tem a ver com a primeira vez. É original a cada troca de pele, a cada nova folhagem. Ganhei de C. um belo exemplar de Alice, ricamente ilustrado. A personagem me fascina a tal ponto que me perco nas páginas do livro constantemente. O meu silêncio (nada aparente) se reflete em aumento do apetite e queda de cabelo. Fico sério quando estou só e ouço muitas músicas esquisitas para a maioria das pessoas. Mas também experimento uma felicidade bem particular. Um estado de espírito quase egoísta, que não se permite compartilhar. Me fecho sem chaves. Me revelo quase inteiro pra mim.

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